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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Kant

           Biografia de Kant
Immanuel Kant ou Emanuel Kant (Königsberg, 22 de abril de 1724 — Königsberg, 12 de fevereiro de 1804) foi um filósofo alemão, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos seus pensadores mais influentes.
Depois de um longo período como professor secundário de geografia, começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da Universidade de Königsberg, cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática, etc.
Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo continental (de René Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução).
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação do sistema solar, conhecida como a hipótese Kant-Laplace.












A ética de Kant
Como muitos outros filósofos, Kant pensava que a moralidade pode resumir-se num princípio
fundamental, a partir do qual se derivam todos os nossos deveres e obrigações. Chamou a este
princípio «imperativo categórico». Na Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785) exprimiuo
desta forma: Age apenas segundo aquela máxima que possas ao mesmo tempo desejar que se
torne lei universal. No entanto, Kant deu igualmente outra formulação do imperativo categórico. Mais
adiante, na mesma obra, afirmou que se pode considerar que o princípio moral essencial afirma o
seguinte: Age de tal forma que trates a humanidade, na tua pessoa ou na pessoa de outrem, sempre
como um fim e nunca apenas como um meio. Os estudiosos têm-se perguntado desde então por
que razão pensava Kant que estas duas regras são equivalentes. Parecem exprimir concepções
morais diferentes. Serão como Kant pensava aparentemente, duas versões da mesma idéia básica,
ou são simplesmente idéias diferentes? Não nos vamos deter nesta questão. Vamos, em vez disso,
concentrar-nos na crença de Kant de que a moralidade exige que tratemos as pessoas «sempre
como um fim e nunca apenas como um meio». O que significa exatamente isto, e que razão há para
pensar que é verdade?
Quando Kant afirmou que o valor dos seres humanos «está acima de qualquer preço» não tinha em
mente apenas um efeito retórico, mas sim um juízo objetivo sobre o lugar dos seres humanos na
ordem das coisas. Há dois fatos importantes sobre as pessoas que apóiam, do seu ponto de vista,
este juízo.
Primeiro, uma vez que as pessoas têm desejos e objetivos, as outras coisas têm valor para elas em
relação aos seus projetos. As meras «coisas» (e isto inclui os animais que não são humanos,
considerados por Kant incapazes de desejos e objetivos conscientes) têm valor apenas como meios
para fins, sendo os fins humanos que lhes dão valor. Assim, se quisermos tornar-nos melhores
jogadores de xadrez, um manual de xadrez terá valor para nós; mas para lá de tais objetivos o livro
não tem valor. Ou, se quisermos viajar, um carro terá valor para nós; mas além de tal desejo o carro
não tem valor.
Segundo, e ainda mais importante, os seres humanos têm «um valor intrínseco, isto é, dignidade»,
porque são agentes racionais, ou seja, agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias
decisões, estabelecer os seus próprios objetivos e guiar a sua conduta pela razão. Uma vez que a
lei moral é a lei da razão, os seres racionais são a encarnação da lei moral em si. A única forma de a
bondade moral poder existir é as criaturas racionais apreenderem o que devem fazer e, agindo a
partir de um sentido de dever, fazê-lo. Isto pensava Kant, é a única coisa com «valor moral». Assim,
se não existissem seres racionais a dimensão moral do mundo simplesmente desapareceria.
Não faz sentido, portanto, encarar os seres racionais apenas como um tipo de coisa valiosa entre
outras. Eles são os seres para quem as meras «coisa» têm valor, e são os seres cujas ações
conscientes têm valor moral. Kant conclui, pois, que o seu valor tem de ser absoluto, e não
comparável com o valor de qualquer outra coisa.
Se o seu valor está «acima de qualquer preço», segue-se que os seres racionais têm de ser tratados
«sempre como um fim e nunca apenas como um meio». Isto significa, a um nível muito superficial,
que temos o dever estrito de beneficência relativamente às outras pessoas: temos de lutar para
promover o seu bem-estar; temos de respeitar os seus direitos, evitar fazer-lhes mal, e, em geral,
«empenhar-nos, tanto quanto possível, em promover a realização dos fins dos outros».
Mas a ideia de Kant tem também uma implicação um tanto ou quanto mais profunda. Os seres de
que estamos a falar são racionais, e «tratá-los como fins em si» significa respeitar a sua
racionalidade. Assim, nunca podemos manipular as pessoas, ou usá-las, para alcançar os nossos
objetivos, por melhores que esses objetivos possam ser. A ética de Kant
Como muitos outros filósofos, Kant pensava que a moralidade pode resumir-se num princípio
fundamental, a partir do qual se derivam todos os nossos deveres e obrigações. Chamou a este
princípio «imperativo categórico». Na Fundamentação da Metafísica dos Costumes (1785) exprimiuo
desta forma: Age apenas segundo aquela máxima que possas ao mesmo tempo desejar que se
torne lei universal. No entanto, Kant deu igualmente outra formulação do imperativo categórico. Mais
adiante, na mesma obra, afirmou que se pode considerar que o princípio moral essencial afirma o
seguinte: Age de tal forma que trates a humanidade, na tua pessoa ou na pessoa de outrem, sempre
como um fim e nunca apenas como um meio. Os estudiosos têm-se perguntado desde então por
que razão pensava Kant que estas duas regras são equivalentes. Parecem exprimir concepções
morais diferentes. Serão como Kant pensava aparentemente, duas versões da mesma idéia básica,
ou são simplesmente idéias diferentes? Não nos vamos deter nesta questão. Vamos, em vez disso,
concentrar-nos na crença de Kant de que a moralidade exige que tratemos as pessoas «sempre
como um fim e nunca apenas como um meio». O que significa exatamente isto, e que razão há para
pensar que é verdade?
Quando Kant afirmou que o valor dos seres humanos «está acima de qualquer preço» não tinha em
mente apenas um efeito retórico, mas sim um juízo objetivo sobre o lugar dos seres humanos na
ordem das coisas. Há dois fatos importantes sobre as pessoas que apóiam, do seu ponto de vista,
este juízo.
Primeiro, uma vez que as pessoas têm desejos e objetivos, as outras coisas têm valor para elas em
relação aos seus projetos. As meras «coisas» (e isto inclui os animais que não são humanos,
considerados por Kant incapazes de desejos e objetivos conscientes) têm valor apenas como meios
para fins, sendo os fins humanos que lhes dão valor. Assim, se quisermos tornar-nos melhores
jogadores de xadrez, um manual de xadrez terá valor para nós; mas para lá de tais objetivos o livro
não tem valor. Ou, se quisermos viajar, um carro terá valor para nós; mas além de tal desejo o carro
não tem valor.
Segundo, e ainda mais importante, os seres humanos têm «um valor intrínseco, isto é, dignidade»,
porque são agentes racionais, ou seja, agentes livres com capacidade para tomar as suas próprias
decisões, estabelecer os seus próprios objetivos e guiar a sua conduta pela razão. Uma vez que a
lei moral é a lei da razão, os seres racionais são a encarnação da lei moral em si. A única forma de a
bondade moral poder existir é as criaturas racionais apreenderem o que devem fazer e, agindo a
partir de um sentido de dever, fazê-lo. Isto pensava Kant, é a única coisa com «valor moral». Assim,
se não existissem seres racionais a dimensão moral do mundo simplesmente desapareceria.
Não faz sentido, portanto, encarar os seres racionais apenas como um tipo de coisa valiosa entre
outras. Eles são os seres para quem as meras «coisa» têm valor, e são os seres cujas ações
conscientes têm valor moral. Kant conclui, pois, que o seu valor tem de ser absoluto, e não
comparável com o valor de qualquer outra coisa.
Se o seu valor está «acima de qualquer preço», segue-se que os seres racionais têm de ser tratados
«sempre como um fim e nunca apenas como um meio». Isto significa, a um nível muito superficial,
que temos o dever estrito de beneficência relativamente às outras pessoas: temos de lutar para
promover o seu bem-estar; temos de respeitar os seus direitos, evitar fazer-lhes mal, e, em geral,
«empenhar-nos, tanto quanto possível, em promover a realização dos fins dos outros».
Mas a ideia de Kant tem também uma implicação um tanto ou quanto mais profunda. Os seres de
que estamos a falar são racionais, e «tratá-los como fins em si» significa respeitar a sua
racionalidade. Assim, nunca podemos manipular as pessoas, ou usá-las, para alcançar os nossos
objetivos, por melhores que esses objetivos possam ser.

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